Editorial Travessia

“Esse não é um simples discurso de casamento para fazer chorar os noivos e quem mais fizer parte da festa. Essa é uma composição de sentimentos mais profundos traduzidos em palavras para encontrar o peito de quem teve os sonhos adiados, as despedidas arrancadas e a esperança enfraquecida - mas que seguiu adiante porque acreditou que um dia encontraria as franjas do a-mar.

Sabe…

A vida é esse chamado constante para a travessia. Quando - ainda cambaleante - dei os primeiros passos por essas estradas sem nome, tu voavas pelos céus que pincelam outras terras.

Nossos pés chegaram a pisar o mesmo chão, mas não era tempo nem de chegada nem de partida. Quando reparei teus olhos enxerguei o futuro. Reconheci em ti o milagre da minha história. Tu és meu pedido atendido. Então, te chamei para caminhar. Seguimos juntos, compartilhando tudo o que constitui a rota: pedras, poeira, cor e destino.

Eu te prometi meu amor, os meus dias e os meus versos. Marquei no calendário uma data para te dizer sim e tu separaste uma roupa bem bonita para combinar com a minha alma de tule bordada com linha colorida. Anotei no caderno os nomes dos nossos convidados e tu escolheste as músicas de Alceu pra banda tocar em cima do tablado improvisado. O convite era cor do barro tal qual o solo que nos protege.

Mas no chão seco nossos sonhos foram rachados. As portas se fecharam e as janelas se embaçaram. Nós ficamos só no aguardo. Os refletores se apagaram e as cortinas se cerraram. Foi o fim do espetáculo. Nosso sim ficou guardado. Foi sussurrando a dois.

O ontem também era hoje que logo se transformava no amanhã igualzinho ao depois de amanhã e ao ano passado e ao ano que vem. E não teve réveillon e não teve mais ninguém. Lá fora, pão. Aqui dentro, vão.

Nessa estrada de lonjura, o destino final escorregava entre os nossos abraços e o coração descompassado (precisou até ser reparado porque quase que ficou pra sempre parado).

Aprisionados pelo medo, nós passeamos pelo sertão de pensamentos, afogamos na enchente de nossas lágrimas e afundamos no lamaçal da vida bruta. Pegamos com as próprias mãos tudo o que explodia no peito. Foi preciso encarar nossa luz e nossas sombras.

Não teve jeito. Não conseguimos manter a constância, mas não perdemos o outro de vista um segundo sequer...

Quando cortei minhas asas, tu me emprestaste as tuas pra eu me lançar em voos arriscados. Quando tu despencaste no chão da sala, foi a minha voz que te resgatou. E quando meu grito se fez mudo, tu me libertaste com teu abraço. Tu me estendeste a mão. Eu te ofereci meu colo. Quando pensei em desistir, tu me lembraste do porquê eu estava indo.

Quando a gente se viu sem casa, apertamos o laço. Quando a morte beijou a vida, tu arrancaste a relva que me cobria. É teu dengo que me confere magia. São teus olhos que me fazem voltar para a vida. E é a vida de a-mar que me faz soprar pro mundo um tiquinho de alegria.

Desafiamos a flecha da desesperança quando partimos mais um bolo de aniversário. Arredamos o sofá e a tristeza pra poder no meio da sala dançar. E desenhamos novos traços numa folha de papel para o dia em que poderemos caminhar livres feito o vento.

Agora, apesar do mar bravo e da bruma que encobre a liberdade, no caminho de volta para casa a gente consegue enxergar as cores despontando, as águas correndo pro a-mar e as bordas do futuro tocarem nossos pés. E eu me olho no espelho e já percebo as transformações estampadas no meu universo. Já não somos os mesmos.

Para seguir, deixamos pelo caminho o que não mais nos servia. E o meu peito nu se entrega ao vagar para encontrar a calmaria depois que o Sol quarar minha esperança no varal da praça. Recordamos o que foi e celebramos o que vem. Porque, como nos disse a menina Maria, não importa o mau começo se o final nós podemos mudar.

Agora, eu posso ver as flores espalhadas pelo lugar, sentir o sabor do bolo com gosto de tarde na casa da vó, ouvir a nossa trilha sonora, descortinar nossas alianças e até mesmo ver o sorriso de quem a gente ama no retrato.

E quando a gente estiver se abraçando no altar, é bom lembrar que não é lá que a nossa travessia vai terminar. Seguiremos colhendo aprendizados, felicidade, pedras e amor pelo caminho. Esperando o anoitecer pra te encontrar. Te enxergando ao amanhecer, todos os dias, enquanto meu coração encostado no teu peito puder amar.

Meu hoje e teu hoje esbarrando nos nossos amanhãs. Indo, rindo, vindo e resistindo à travessia.

Rumo às franjas do a-mar."

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